Pelo Estatudo do Idoso (Lei N 10.741 de outubro de 2003)
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
A incidência de doenças cardiovasculares aumenta dramaticamente com o envelhecimento e representam importante causa de morbidade, mortalidade e pior qualidade de vida em idosos.
A Doença Arterial Coronária, DAC, é considerada pela OMS a primeira causa isolada de morte no mundo e este índice tende a aumentar em cerca de 50% nos próximos 20 anos.As obstruções ateroscleróticas nos idosos são mais frequentes e difusas.
Estudos de necropsias identificaram presença de DAC (doença arterial coronariana), em cerca de 90% de idosos octogenários, sendo que apenas 30 a 40% desenvolveram manifestações clínicas da doença.
O Cardiovascular Health Study, um estudo observacional de mais de 6.000 indivíduos com mais de 65 anos em cinco comunidades americanas, demonstrou que apenas 20% da população era isenta de doença aterosclerótica .
Quanto
ao tratamento da doença arterial coronariana, a escolha da melhor
opção é crítica, no sentido de preservar ou restituir a qualidade de
vida e aumentar a sobrevida.
Para o idoso devemos considerar três opções terapêuticas - clínica,
revascularização percutanea e revascularização cirúrgica – estas serão
analisadas em função dos três principais determinantes dos resultados
de uma intervenção terapêutica: doente, doença e tipo de tratamento.
Com relação ao doente,
os idosos caracterizam-se pela heterogeneidade de
comportamento e pela presença concomitante de múltiplas afecções , as
cormobidades. Há idosos "jovens", bem conservados, com uma só doença
e preservados das repercussões da senecência. Outros idosos exibem
várias doenças concomitantes, seqüelas, ou perdas funcionais,
causadas pelo envelhecimento, caracterizando os idosos "velhos".
Obviamente, estes últimos não são candidatos a condutas mais
agressivas. Desse modo, é fundamental avaliação que contemple, além
do quadro clínico, outros domínios, como social, psicológico,
cognitivo e grau de independência.
Quanto à doença,
cabe lembrar que a doença arterial coronariana abrange um espectro
de doenças, que inclue a doença crônica, a angina instável /infarto
sem supra-desnivelamento do segmento ST e o infarto do miocardio com
supradesnivelamento do segmento ST. Em todas elas há prejuízo da
qualidade de vida. Constata-se, por exemplo, que cerca de 40% dos
casos de doença arterial coronariana crônica apresentam redução da
capacidade física. Contudo, é fundamental ressaltar que a idade é um marcador independente de risco,
implicando na necessidade de considerar opções terapêuticas mais
agressivas sem adotar, como regra, conduta conservadora ou
contemplativa.
Finalmente, a análise quanto ao tipo de tratamento.
Em todos os pacientes acima de 60 anos o tratamento clínico deve ser
básico e prioritário, principalmente, em caso de boa resposta
clínica com controle de sintomas. É a melhor opção nos casos de
doença arterial coronariana crônica, principalmente nos pacientes
assintomáticos , oligossintomáticos, ou com comorbidades que
comprometem o prognóstico.
A
revascularização percutânea em pacientes com doença arterial
coronariana crônica é uma opção muito atraente, sempre que possível,
mesmo em lesões multiarteriais e está sendo cada vez
mais utilizada por ser menos relacionada do que a cirurgia às
complicações imediatas, como por exemplo, acidente vascular cerebral e
alterações cognitivas.
A
revascularização cirúrgica nos grandes idosos pode ser indicada em
casos selecionados, com risco cirúrgico aceitável, persistência de
sintomas ou risco elevado. Favorecem a escolha da cirurgia as presenças de lesões em
tronco de coronária esquerda ou multiarteriais, disfunção
ventricular, valvopatias, bem como impossibilidade de
revascularização percutânea.
Em
conclusão, a doença coronariana é uma condição grave no
idoso e a escolha da estratégia terapêutica adequada é complexa. Essa
estratégia no idoso deve ser individualizada e o paciente considerado
em sua totalidade, incluindo repercussão da doença, riscos do
procedimento, capacitação da equipe médica, opinião do paciente e de
seus familiares.
A idade por si não deve definir ou limitar a escolha
do tipo de tratamento.