quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Doença coronariana no Idoso




       
Pelo Estatudo do Idoso (Lei N 10.741 de outubro de 2003)
 Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

         A incidência de doenças cardiovasculares aumenta dramaticamente com o envelhecimento e representam importante causa de morbidade, mortalidade e pior qualidade de vida em idosos.
        A Doença Arterial Coronária, DAC, é considerada pela OMS a primeira causa isolada de morte no mundo e este índice tende a aumentar em cerca de 50% nos próximos 20 anos.As obstruções ateroscleróticas nos idosos são mais frequentes e difusas.
        Estudos de necropsias identificaram presença de DAC (doença arterial coronariana), em cerca de 90% de idosos octogenários, sendo que apenas 30 a 40% desenvolveram manifestações clínicas da doença.
        O Cardiovascular Health Study, um estudo observacional de mais de 6.000 indivíduos com mais de 65 anos em cinco comunidades americanas, demonstrou que apenas 20% da população era isenta de doença aterosclerótica .
       Quanto ao tratamento da doença arterial coronariana, a escolha da melhor opção é crítica, no sentido de preservar ou restituir a qualidade de vida e aumentar a sobrevida. 
       Para o idoso devemos considerar três opções terapêuticas - clínica, revascularização percutanea e revascularização cirúrgica – estas serão analisadas em função dos três principais determinantes dos resultados de uma intervenção terapêutica: doente, doença e tipo de tratamento.
        Com relação ao doente, os idosos caracterizam-se pela heterogeneidade de comportamento e pela presença concomitante de múltiplas afecções , as cormobidades. Há idosos "jovens", bem conservados, com uma só doença e preservados das repercussões da senecência. Outros idosos exibem várias doenças concomitantes, seqüelas, ou perdas funcionais, causadas pelo envelhecimento, caracterizando os idosos "velhos". Obviamente, estes últimos não são candidatos a condutas mais agressivas. Desse modo, é fundamental avaliação que contemple, além do quadro clínico, outros domínios, como social, psicológico, cognitivo e grau de independência.
        Quanto à doença, cabe lembrar que a doença arterial coronariana abrange um espectro de doenças, que inclue a doença crônica, a angina instável /infarto sem supra-desnivelamento do segmento ST e o infarto do miocardio com supradesnivelamento do segmento ST. Em todas elas há prejuízo da qualidade de vida. Constata-se, por exemplo, que cerca de 40% dos casos de doença arterial coronariana crônica apresentam redução da capacidade física. Contudo, é fundamental ressaltar que a idade é um marcador independente de risco, implicando na necessidade de considerar opções terapêuticas mais agressivas sem adotar, como regra, conduta conservadora ou contemplativa.
         Finalmente, a análise quanto ao tipo de tratamento. Em todos os pacientes acima de 60 anos o tratamento clínico deve ser básico e prioritário, principalmente, em caso de boa resposta clínica com controle de sintomas. É a melhor opção nos casos de doença arterial coronariana crônica, principalmente nos pacientes assintomáticos , oligossintomáticos, ou com comorbidades que comprometem o prognóstico.
         A revascularização percutânea em pacientes com doença arterial coronariana crônica é uma opção muito atraente, sempre que possível, mesmo em lesões multiarteriais e está sendo cada vez mais utilizada por ser menos relacionada do que a cirurgia às complicações imediatas, como por exemplo, acidente vascular cerebral e alterações cognitivas.
         A revascularização cirúrgica nos grandes idosos pode ser indicada em casos selecionados, com risco cirúrgico aceitável, persistência de sintomas ou risco elevado. Favorecem a escolha da cirurgia as presenças de lesões em tronco de coronária esquerda ou multiarteriais, disfunção ventricular, valvopatias, bem como impossibilidade de revascularização percutânea.
        Em conclusão, a doença coronariana é uma condição grave no idoso e a escolha da estratégia terapêutica adequada é complexa. Essa estratégia no idoso deve ser individualizada e o paciente considerado em sua totalidade, incluindo repercussão da doença, riscos do procedimento, capacitação da equipe médica, opinião do paciente e de seus familiares.
         A idade por si não deve definir ou limitar a escolha do tipo de tratamento.