O que se verá a seguir é uma compilação de dados secundários que expõe o aumento do
número de médicos no país, considerando o crescimento populacional, a ampliação das vagas em escolas médicas e a entrada, maior que a saída, de profissionais do mercado.
O Brasil chega em 2013 com 400 mil médicos e com taxa de dois médicos por 1.000 habi-
tantes. Conforme projeções, os estados habitados por população com maior renda continuarão com a melhor densidade de médicos e aqueles com segmentos populacionais de menor rendimento, com a pior.
Ao contar os médicos de várias formas – segundo registro nos Conselhos Regionais de
Medicina (CRMs), contratos formais de trabalho, cadastro e ocupação em estabelecimentos de saúde –, o estudo enfatiza o cenário de desigualdade na distribuição geográfica de médicos. Aqui também houve o esforço de confrontar bases e fontes distintas. Os médicos nunca foram tão numerosos, ao mesmo tempo em que persistem acentuadas desigualdades na distribuição dos profissionais entre as regiões, estados e municípios.
Conhecer melhor tais diferenças é o primeiro passo para a compreensão da carência de profissionais e para fazer avançar o debate sobre a necessidade de mais médicos no país.
Cabe ressaltar que a persistência e a intensidade das desigualdades de distribuição demonstram que o aumento do quantitativo por si só não garantirá a disponibilidade de médicos nos locais, nas especialidades e nas circunstâncias em que hoje há carência de profissionais. Precisam, por isso, ser aprofundados estudos que considerem a movimentação dos médicos o território nacional e entre os setores público e privado, a diversidade das formas de exercício profissional, a escolha das especialidades, os vínculos e as jornadas.
Levantamento sobre a movimentação espacial dos médicos – onde nasceram, onde se
formaram e onde atuam hoje – sugere que a maioria deles termina por se fixar nos gran-
des centros. A localização dos cursos de medicina não é, portanto, o fator determinante de
fixação dos médicos ali graduados.
Já o estudo sobre cancelamento dos registros nos CRMs reforça a tese de que os médi-
cos costumam migrar frequentemente para os grandes centros.
A maior parte dos médicos formados fora do Brasil – tanto brasileiros quanto estrangei-
ros – se instala nas maiores cidades, especialmente no Sudeste.É um indício de que as flexibilidades de revalidação de diplomas podem não surtir o efeito desejado de suprir imediatamente locais hoje desprovidos de médicos.
Outra constatação é que a concentração dos médicos acompanha a existência de serviços
de saúde e de outros profissionais, principalmente de dentistas e enfermeiros. A configu-
ração das estruturas e dos equipamentos de saúde, o atrativo das condições coletivas de
exercício profissional, a oferta de emprego e renda, e a qualidade de vida jogam a favor da
instalação dos médicos nos grandes centros.
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