sábado, 29 de setembro de 2012

Entenda o procedimento de cateterismo coronariano e angioplastia (parte 2)



Descrição do procedimento
Um cateter é inserido através de uma punção na virilha ou no punho. Antes da punção, a área é higienizada e quaisquer pelos são raspados, para reduzir o risco de infecção. A anestesia utilizada no procedimento é local, pois é importante que o paciente possa seguir instruções e descrever sensações.
Um fio-guia é então inserido na artéria e guiado até a área a ser tratada. O movimento do fio-guia não é percebido pelo paciente, uma vez que as artérias não contêm terminações nervosas. Com o fio-guia posicionado na lesão, o cateter de angioplastia com um balão desinflado na ponta é inserido e levado até a área comprometida com estreitamento significativo ou obstrução. Ali, o balão é inflado e desinflado totalmente por alguns minutos, a fim de romper a placa de aterosclerose, pressionando-a contra as paredes da artéria e, assim, desobstruir a passagem de sangue.

Quando o balão está totalmente inflado, o fluxo sanguíneo para momentaneamente, podendo causar dor ao paciente. A dor desaparece assim que o balão é desinflado e o fluxo volta ao normal, mas qualquer sintoma deve ser informado imediatamente ao cardiologista intervencionista. Áreas tratadas por angioplastia podem voltar a apresentar obstruções, seja logo após o procedimento, seja após vários meses ou anos. A recorrência de estreitamento na artéria tratada é chamada de reestenose, e a de obstrução completa é chamada de reoclusão.



Para evitar a reestenose e manter o resultado da angioplastia o cardiologista intervencionista utiliza um stent para manter a artéria aberta e prevenir a recidiva da lesão. Esse procedimento é feito através de outro cateter, cuja ponta contém um stent fechado envolvendo um balão desinflado. Quando o stent acoplado ao cateter é posicionado no local da artéria a ser tratada, o cardiologista intervencionista infla o balão e, consequentemente, expande o stent. Em seguida, o balão é desinflado e removido junto com o cateter. Esse tipo de stent é denominado expansível por balão. Existe um outro tipo, denominado stent auto-expansível, que também fica acoplado à ponta de um cateter sem balão; ao ser posicionado no local da lesão, o stent é liberado (desencapado do cateter) e se auto-expande. Previamente ou logo após sua liberação, pode ser realizada uma angioplastia com balão. Em geral, os stents se mantêm bem posicionados, mantendo a artéria aberta; no entanto, algumas vezes tecidos de cicatrização se desenvolvem em torno dos stents, podendo causar reestenose.

Existem vários tipos de stents e balões para angioplastia, que podem ser utilizados em diversas situações diferentes. O cardiologista intervencionista é o profissional que trata as doenças das atérias coronarianas do coração e conhece suas peculiaridades. A escolha correta do tipo de material (cateteres, balões, stent, etc.) é fundamental para o sucesso do tratamento.


Após o término do procedimento, todos os cateteres são removidos. Pacientes que utilizaram medicamentos anticoagulantes normalmente permanecem com um introdutor (pequeno cateter) no local da punção por um breve período de tempo, até que os medicamentos percam o efeito, para permitir que o ferimento cicatrize. No momento da retirada do introdutor, o enfermeiro pressiona a região da punção por 15 a 30 minutos, para evitar sangramento, ou então fecha a área com curativo.

A angioplastia e a colocação de um stent pode levar de 45 minutos até 3 horas ou mais, dependendo das características de cada caso.




 

Exemplo de implante de 01 stent coronariano para coronária descendente anterior

Pós-operatório

Normalmente, o paciente precisa ficar hospitalizado por 6 a 24 horas após a realização da angioplastia, a fim de monitorar a ocorrência de complicações. A região da punção deve ficar imobilizada por várias horas, para evitar sangramentos. Além disso, quaisquer sintomas, como dores, febre, falta de ar, coloração azulada ou sensação de frio em um braço ou perna, ou reações na área da punção, devem ser informados ao médico imediatamente.

Ao receber alta, o paciente deverá seguir algumas instruções, como por exemplo, não levantar peso nos primeiros dias de pós-operatório, ou tomar bastante água para eliminar a solução de contraste utilizada no procedimento. O médico também poderá prescrever medicamentos anticoagulantes, como aspirina e clopidogrel, e recomendar um programa leve de exercícios (caminhadas, por exemplo).

Complicações

Complicações graves associadas à angioplastia são raras, mas podem ocorrer, como por exemplo, reações ao agente de contraste, formação de coágulo na artéria tratada, rompimento de um vaso sanguíneo, formação de hematoma, problemas renais e dissecção (dano à parede arterial). Complicações menos graves incluem enfraquecimento da parede da artéria e sangramento ou ferimento no local da punção. Algumas vezes, novas obstruções se formam em outros pontos da artéria, causadas pelas partículas de placa que se desprendem e viajam pelo sistema sanguíneo. Esta situação é denominada de embolia e pode voltar a prejudicar o fluxo sanguíneo.

Pacientes com diabetes ou problemas renais têm mais risco de desenvolver reação ao agente de contraste (por exemplo, insuficiência renal). Medicamentos administrados antes do procedimento podem diminuir o impacto desse tipo de complicação.

Pacientes com problemas de coagulação também estão sob maior risco de complicações, uma vez que, nesses casos, os depósitos de placa mais longos aumentam as chances de obstruir a artéria novamente.

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